A Prefeitura de Salvador entregou nesta quarta-feira (29) uma série de monumentos revitalizados e realizou o tombamento de um conjunto de 13 balaustradas antigas, localizadas no Centro, Barroquinha, Barra, Campo Grande, Centro Histórico, Rio Vermelho, Barris, Bonfim e Comércio.
Entre os monumentos revitalizados estão os bustos dos heróis da Revolta dos Alfaiates, na Praça da Piedade; o relógio de São Pedro, na Avenida Sete; a efígie de Rubén Darío, no Morro do Ypiranga; o conjunto arquitetônico que forma o Marco de Fundação da Cidade, inclusive o painel de azulejos portugueses, e a Estátua do Cristo na Barra, além das obras de revitalização das Fontes do Santo Antônio e do Baluarte, na Ladeira da Água Brusca; Dos Padres, no Comércio; e Gravatá, em Nazaré.
Ao assinar o ato de tombamento das balaustradas, o prefeito Bruno Reis destacou a necessidade de preservar símbolos importantes para a construção da memória e identidade do povo soteropolitano. “Um grande diferencial nosso é a história. Somos a primeira capital do Brasil e a cidade foi marcada pela implantação de monumentos, fontes históricas, um rico patrimônio arquitetônico e cultural. O que nós estamos fazendo nesta manhã é garantir para o presente e o futuro que este rico patrimônio seja preservado para as gerações presentes e as que estão por vir”, afirmou o chefe do Executivo municipal.
O prefeito informou que inaugurará nos próximos meses o Museu da Misericórdia e a Arena da Capoeira, além de fazer um balanço dos investimentos em cultura feitos pela gestão municipal na última década. “Se tem uma área do nosso governo que é destaque para o Brasil e o mundo é a cultural. Nunca se investiu tanto na cultura como estamos investindo. Foram dez novos equipamentos culturais implantados, que garantem a preservação do nosso patrimônio imaterial”, disse.
O presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro, afirmou que aproximadamente R$1 milhão foi investido em ações de tombamento, restauração e implantação de monumentos apenas nos últimos cinco meses. O valor aplicado pela Prefeitura nos últimos 12 meses na preservação do patrimônio histórico-cultural de Salvador é de cerca de R$25 milhões. “A gente passa por essas balaustradas na cidade, acha bonito, mas não percebe a importância histórica delas. Agora, não se pode mais mexer”, disse Guerreiro, ao comentar o ato de tombamento. O presidente da FGM informou que o projeto da gestão é restaurar 10 fontes históricas até o final do ano.
O secretário de Cultura e Turismo, Pedro Tourinho, ressaltou os investimentos robustos feitos pela administração municipal na preservação do seu patrimônio cultural, seja o material ou o imaterial. “Cabe à cidade zelar por isso. Poucas cidades históricas no mundo têm o investimento de Salvador na preservação do seu patrimônio. Basta andar pelas ruas da cidade e ver que muitos imóveis, monumentos, casarões antigos estão passando ou passaram por reformas nos últimos anos”, apontou.
Entre os próximos monumentos que serão restaurados pela Prefeitura estão o Caboclo, a Cabocla e demais símbolos do Dois de julho; o Barão do Rio Branco, no Centro; J.J. Seabra, no Comércio; Irmãos Pereira, na Conceição da Praia; Júlio Davi, na Ribeira; o Centro da Ancestralidade – Mestre Didi, no Rio Vermelho; e as Meninas do Brasil (Gordinhas de Ondina), além da manutenção do conjunto de flores urbanas do artista Ray Vianna, no Rio Vermelho e Garibaldi.
Monumentos restaurados – A FGM realizou a recuperação dos bustos dos heróis da Conjuração Baiana: os alfaiates João de Deus Nascimento e Manoel Faustino dos Santos Lira e os soldados Lucas Dantas de Amorim Torres e Luiz Gonzaga das Virgens e Veiga. Os quatro, considerados protagonistas do movimento, foram enforcados e esquartejados em praça pública. Para a recuperação do monumento foram investidos R$13,7 mil.
A Fundação também restaurou e automatizou o Relógio de São Pedro, além de recuperar a Efígie de Rubén Darío. O relógio, em forma de poste de iluminação, foi inaugurado em 1916. O equipamento é assim denominado em referência à Igreja de São Pedro Velho, construída em 1785 e derrubada em 1913 para a construção da Avenida Sete de Setembro. O processo de automatização e restauro do bem custou R$69,4 mil.
Já o monumento em homenagem a Félix Rubén Garcia Sarmiento é constituído por um pedestal em alvenaria revestido em granito, com uma efígie em bronze. Rubén Garcia foi um poeta lírico contemporâneo, nascido em Sargovia, Nicarágua. Devido à sua forte influência na poesia, ficou conhecido como o príncipe das letras castelhanas. O valor da reforma foi de R$14,5 mil.
Também fazem parte da lista de espaços e bens revitalizados a Estátua do Cristo, o painel de azulejos portugueses e o marco da Fundação da Cidade, na Barra; o Terreiro Ilê Asé Kalè Bokùn, na Plataforma, e o Okutá de Ogum, em Brotas. No primeiro terreiro, a FGM instalou um pórtico metálico – Painel Ijexá, enquanto que o segundo recebeu um nicho de Ogum, ambos com a finalidade de valorização do patrimônio afrobrasileiro. Para as peças, foram desembolsados cerca de R$89 mil.
No Porto da Barra, houve o restauro do painel de azulejos portugueses, composto por 510 azulejos que representam a chegada e fundação da cidade por Thomé de Souza. A obra é uma homenagem dos portugueses por ocasião do 4º Centenário de Fundação da Cidade (1549 a 1949). Em 2003, o ceramista português Eduardo Gomes reproduziu o desenho original, feito pelo artista Joaquim Rebuco. Deteriorado pela força do tempo, o painel foi recuperado com um investimento de R$100,6 mil. Já o Cristo da Barra foi restaurado e polimentado.
Junto com o painel de azulejo, está o Marco da Fundação de Salvador, composto por uma estrutura vertical – coluna em pedra de lioz portuguesa, com seis metros de altura, com o símbolo da Coroa Portuguesa e a Cruz de Malta. A localização do marco não é um acaso. Conta-se que foi justamente naquele local que Thomé de Souza desembarcou em 1549, com o objetivo de fundar a cidade de Salvador. Esse cartão postal foi anteriormente tombado pela Prefeitura.
As ações de cuidado e valorização envolveram ainda a restauração de quatro fontes da cidade: do Santo Antônio e do Baluarte, na Ladeira da Água Brusca; Dos Padres, no Comércio; e Gravatá em Nazaré. O valor aproximado das obras foi de R$544 mil.
Fotos: Betto Jr./ Secom
Reportagem: Vitor Villar e Rodrigo Aguiar/ Secom