O Palacete das Artes, localizado no bairro da Graça, em Salvador, receberá religiosos do candomblé, militantes, artistas e interessados na temática Bahia-África, para a abertura da exposição “Gullah, Bahia, África”, que reúne acervo e parte da pesquisa feita pelo primeiro linguista afro americano, Lorenzo Turner, na quarta-feira, 25 de novembro. A vinda da exposição é resultado da parceria entre a Fundação Pedro Calmon (FPC), vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (Secult) – por meio da Biblioteca Virtual Consuelo Pondé – e o Consulado Geral dos EUA no Rio de Janeiro.

Mae Menininha (front center). Courtesy Anacostia Community Museum/Smithsonian Institution

Mae Menininha (front center).
Courtesy Anacostia Community Museum/Smithsonian Institution

A abertura da exposição, nesta quarta, com a curadoria de Alcione Meira Amos, será aberta e terá a presença do cônsul dos EUA no Rio de Janeiro, James Story, do secretário de Cultura, Jorge Portugal. Na ocasião, o Anacostia Community Museum disponibilizará acervo fotográfico digital de Lorenzo Turner à Biblioteca Virtual Consuelo Pondé, que ficará à disposição de pesquisadores e interessados na temática no site da unidade (www.bvconsueloponde.ba.gov.br). A mostra ficará em cartaz até 31 de janeiro de 2016.

Criada e exibida em 2010 pelo Anacostia Community Museum, integrante da Smithsonian Institution, de Washington, DC (EUA), a exposição é composta por fotografias, artefatos, textos e gravações em áudio, frutos de uma pesquisa sobre a sobrevivência de línguas africanas nas Américas, realizada por Turner nos terreiros de candomblé na Bahia e comunidades religiosas de origem africana na Carolina do Sul (Estados Unidos), na década de 1940.

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Acervo

A pesquisa de Lorenzo Turner, considerada de grande importância para a história da religião afro-brasileira, reúne mais de 100 fotografias e cerca de 18 horas de registros musicais e linguísticos feitos com nomes de grande referência do candomblé. No material coletado pelo linguista podem ser encontradas gravações realizadas com Mãe Menininha do Gantois, Joãozinho da Gomeia, Manoel Falefá, Mestre Bimba, e até mesmo um raro registro na voz do escritor Mário de Andrade, em idiomas como o Iorubá, Fon, Kimbundu e Kibongo. Em sua passagem pela Bahia, Turner visitou municípios como Cachoeira, São Félix e Santo Amaro.

Memória

A exposição apresenta sua pesquisa sobre culturas interligadas em três continentes: as comunidades Gullah / Geechee da Carolina do Sul e Geórgia (EUA), a comunidade afro-brasileira da Bahia, e as culturas do Oeste Africano, de onde as outras duas são originárias. Para a exposição na Bahia serão acrescidas 50 peças relativas a candomblé do Museu Afro da Ufba, fotos e áudio de Martiniano Eliseu do Bomfim, famoso babalaô baiano entrevistado por Turner na sua visita à Bahia. Esta parte da exposição contará com a co-curadoria de Murilo Ribeiro, diretor do Palacete das Artes.

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Palestra

Para ampliar o alcance do público à vida e obra de Lorenzo Turner, Alcione Meira Amos fará palestra na quarta-feira (25), às 17h, no Palacete das Artes, na qual falará sobre “A Coleção Fotográfica de Lorenzo Dow Turner: Gullah, Bahia, África”. As atividades são abertas ao público e não é necessária inscrição.

Parceria

A parceria entre a Fundação Pedro Calmon e o Consulado Geral dos EUA no Rio de Janeiro envolve propostas de intercâmbio e a colaboração do Consulado nos projetos da instituição, dentre eles o American Corner, também chamado Espaço Benjamin Franklin, na Biblioteca Pública Thales de Azevedo (Costa Azul), unidade da Fundação. O American Corner é um centro de referência da cultura norte-americana, reunindo um acervo de cerca de dois mil títulos, incluindo material audiovisual com informações sobre a cultura e literatura dos EUA. O Corner também é um ponto de intercâmbio, congregando palestras, grupos de discussão, programas eletrônicos interativos, encontros, exposições e demais atividades para divulgar o tema.