CAPITULO V | No início de 2010 instalei um propósito na mente e depois parti para a prática. Após trabalhar por 11 anos em minha residência como educadora de reforço escolar (banca), da alfabetização a 9ª série, decidir dedicar um olhar diferenciado para mim, estava na hora de buscar o que sempre almejei, que era concluir o 2º grau (ensino médio) e fazer faculdade.
Neste ano o governo estava oferecendo oportunidade para pessoas maiores de 18 anos, que não concluíram o ensino médio, obter o certificado de conclusão com a nota do ENEM. Decido fazer a prova do ENEM, falei para meus filhos, meu esposo, todos ficaram orgulhosos e me apoiaram. Jonatan fez minha inscrição e enquanto aguardava o dia da prova comecei a estudar, na verdade estava só me reforçando, pois eu já tinha conhecimento dos assuntos das matérias exatas, humanas e redação, em consequência de muita leitura e das aulas de reforço escolar que eu ministrava.
Chegou o dia da prova. Fiz, passei e fui chamada à secretaria estadual de educação para receber meu certificado. Foi prazeroso e gratificante comprovar que sou capaz de conquistar projetos. Mesmo que julguem ser tarde não é, pois meu projeto é novo, é meu!
Me inscrevi no programa PROUNI, mas não consegui a bolsa de estudo, então pausei meu projeto acadêmico e continuei ministrando as aulas de reforço escolar.
No início de 2012 surgiu uma oportunidade de retirar meu projeto da pausa. Em uma normal manhã de quarta-feira meu filho Carlos Eduardo me telefonou falando de um novo programa de financiamento estudantil, um programa beneficiário que garante o pagamento do FIES, desde que o candidato cumpra as regras do contrato e conclua o curso. O nome do programa é “Novo Fies Uniesp Paga”, é 100% brasileiro.
A Uniesp é um grupo educacional que administra diversas faculdades isoladas e devidamente credenciados pelo MEC, cuja missão se restringe a promover uma educação solidária por meio de parcerias e projetos sociais. Seu propósito é levar educação para todas as classes sociais, em especial as camadas menos favorecidas economicamente.
Voltando para o telefonema do meu filho mais velho… Ele me explicou que seu escritório de assessoria política tinha recebido algumas bolsas de estudo do Novo FIES, que seriam distribuídas às pessoas que tivessem interesse de cursar uma faculdade, mas que não podiam pagar. Perguntou se eu tinha interesse, respondi que sim, lógico. Ele me explicou também que a Uniesp tinha feito parceria com a Faculdade Vasco da Gama, que seria necessário fazer o vestibular e passar para ganhar a bolsa. Fui até a faculdade, me inscrevi para o vestibular de Pedagogia Social, fiz a prova, passei, resolvi todos os procedimentos contratuais com a Caixa Econômica, efetuei minha matrícula e comecei a cursar no período noturno. Pago somente a quantia de cinquenta reais trimestral, referente aos juros do FIES.
Meu sonho acadêmico não era utopia. Uma de minhas noras, Carla, juntamente a Everton, um amigo da família, também fizeram o vestibular para o curso de Administração, fiquei contente, pois teria a companhia deles para ir à faculdade. Íamos estudar no campus de Cajazeiras 8 e para chegar lá o acesso é meio complicado. No início fiquei um tanto receosa; sair a noite, pegar buzu superlotado… Era estranho, principalmente porque eu não tinha o costume de sair à noite. Mas, pelo fato de estar com Carla e Everton, meus receios passaram, não senti dificuldade com as matérias e com o ritmo acadêmico, me enturmei facilmente, pois sou expansiva e afetiva.
Antes de finalizar o segundo semestre, passei a ir sozinha para a faculdade, pois Carla e Everton desistiram, trancaram a matrícula. Meus receios voltaram, porque além de pegar ônibus lotado tinha que andar quase 20 minutos do ponto do ônibus até a faculdade. Tinha também a preocupação da volta para casa às 23:00, ou seja, eu tinha motivos para desistir, mas não o fiz.
Em 2013, logo no início do semestre, consegui um estágio na Escola Natural, uma empresa privada. Que maravilha! Meu projeto estava frutificando, meus alunos eram crianças de 4 anos de idade que me cativaram desde o primeiro dia de aula.Meu sistema de ensino, além de construtivista, era afetivo. Transformei minha sala de aula em um ambiente agradável e prazeroso para os alunos, conquistei a todos, um retorno gratificante.
Que delícia esse novo mundo permeado de perspectivas e expectativas! Minha vida estava perfeita. Pela manhã ia para a escola, a tarde cuidava dos afazeres domésticos, fazia minhas atividades da faculdade, elaborava projetos de aulas semanais, que passavam pela avaliação da gestora da escola, e com sua aprovação eu trabalhava esses projetos com meus alunos. A noite eu ia para a faculdade; na volta meu esposo sempre estava me esperando no ponto de ônibus para que não caminhasse sozinha até em casa.
Final de setembro de 2013, percebi que minha saúde não estava boa, não dei importância, acreditei ser cansaço em consequência do ritmo em que estava minha vida, ou preocupação com minha mãe que estava muito doente.
Tirei três dias de licença da escola e viajei para Ribeira do Pombal, fui cuidar um pouco da minha mãe, sofri muito ao vê-la tão doente. Voltei para casa triste e abatida. É horrível a sensação de impotência diante do sofrimento de uma mãe. No dia 4 de outubro ela faleceu, fomos todos para o seu funeral. É doloroso acompanhar o funeral de sua própria mãe, causa sentimentos de vazio, solidão… Não há palavra que defina.
A tristeza apoderou-se de mim, meu coração chorava, perdi o apetite, minha saúde, que já estava um tanto abalada, piorou. Meu corpo começou a apresentar sinais preocupantes, parecia que todas as dores estavam nele, eram dores estomacais, abdominais e lombares.
Fui ao médico, que receitou um remédio para aliviar as dores e falou que meu problema era emocional. Minhas dores continuavam, minha barriga doía muito com qualquer coisa que comesse, estava vivendo praticamente a base de frutas e água de coco.
Passei mal por duas vezes, meus filhos me levaram para a emergência, os médicos falavam que eu estava desidratada, tomei soro, analgésicos, fiz exames para saber se era infecção intestinal e não era; o médico falou que era virose.
Minha vida estava assim: Durante a semana me esforçava ao máximo para dar continuidade aos meus projetos, nos finais de semana descansava para repor as forças. Eu ia ficando cada vez mais doente, estava ficando doloroso ir à faculdade, pegar aqueles ônibus lotados; qualquer movimento brusco meu corpo doía. Do ponto de ônibus até a faculdade estava gastando mais de 30 minutos andando devagar, não podia andar rápido porque meu estomago doía.
Deus, como estava ficando difícil! Eu não desistia, precisava terminar o semestre. Os professores e colegas preocupados admiravam minha determinação, não faltei nenhuma aula e não deixei de fazer nenhum trabalho acadêmico, fichamentos, resenhas, seminários… E estudava para as avaliações finais. Também não faltava em meu trabalho e nem deixava as crianças perceberem meu estado de saúde, me divertia nas atividades de pátio com elas e esquecia um pouco que estava doente. Quando sentia dores, tomava o remédio discretamente.
A diretora e as colegas conversavam bastante comigo, elas também afirmavam que era emocional, tudo que estava sentindo era em consequência da morte de minha mãe.
Pedi forças a Deus para concluir o ano letivo na escola e o semestre da faculdade. Elaborei um projeto de natal notável para encerrar as atividades de sala e ensaiei com meus alunos a apresentação do dia da festa de encerramento.
Passei mal novamente, fui para a emergência, o médico que me atendeu falou que eu estava com “síndrome do intestino irritável”, receitou remédios e disse que era de praxe fazer uma colonoscopia por causa dos sintomas que eu apresentava. Ele explicou que na emergência não fazia, eu teria que procurar a regulação do SUS e eu disse que nas férias eu faria isso.
Já estava nas últimas semanas de aula na escola e na faculdade. Falei aos meus professores que compareceria somente nos dias de avaliação, porque eu não estava mais aguentando pegar ônibus, sentia dor até quando respirava mais profundo. Eu estava vivenciando uma batalha. Fiz todas as avaliações, os professores colocaram de imediato minhas notas no portal e enviaram e-mails me parabenizando, passei em todas com excelentes notas, fiquei feliz e agradeci a Deus por essa permissão, prometi a Ele que iria tomar providencias para cuidar da saúde.
A festa de encerramento da escola foi linda! Meus alunos fizeram uma apresentação primorosa, os pais delas me elogiaram, deixaram claro que queriam muito que eu continuasse a ser professora dos filhos deles, chorei emocionada e gratificada.
Conclui o que precisava fazer na escola e na faculdade, o foco agora era minha saúde. Eu não estava nem mesmo fazendo as tarefas domésticas, o ficava cansado, eu vivia deitada, Carlos preparava as refeições, Moisés cuidava casa.
Uma semana antes do natal passei mal, foi pior do que das outras vezes. Em casa todos ficaram assustados, novamente parei na emergência, fui atendida por Dr. Fernando, um “gastro” especialista, um médico dotado de sentimentos humanitários, me colocou imediatamente para tomar soro, pois estava desidratada ao extremo por conta da diarreia que era permanente. Ele explicou que, para obter um diagnóstico preciso, necessitava do exame de colonoscopia e prontificou-se a me ajudar; telefonou naquele mesmo momento para uma amiga médica que trabalhava no Centro de Hemorragia Digestiva do Hospital Roberto Santos e pediu para ela me atender e fazer o exame. Ela falou que poderia me atender no dia 3 de janeiro (2014) porque já estávamos na semana do natal (2013). Dr. Fernando me deu um relatório para apresentar a ela no dia do atendimento. Terminei de tomar o soro, as dores cessaram, ele me tranquilizou dizendo que tudo daria certo e me desejou feliz natal, agradeci sua boa vontade.
Eu estava tão fragilizada que não tinha ânimo nem para montar minha árvore de natal, coisa que sempre fiz com muito prazer. Senti pena de mim e chorei, chorei com o corpo e a alma, depois parei com o choro, peguei a árvore, os enfeites, me sentei no chão com todo incômodo que meu corpo sentia e comecei a montar a árvore. Consegui, montei uma linda árvore de natal dourada, a mais linda de todas que eu já tinha montado, todos elogiaram.
Chegou o natal, minha nora Juliana organizou a ceia e um amigo secreto em sua casa, um lindo e agradável sítio. Todos estavam presentes, foi uma harmoniosa reunião de família.
Procurei me esforçar para não aparentar o quanto estava fraca, percebia a tristeza e preocupação no olhar dos meus filhos, então por eles e por todos, pedi a Deus que permitisse a graça de aliviar minhas dores para eu participar dessa reunião de família e Ele permitiu; foi uma noite maravilhosa, ri muito, comi tudo que tinha direito e minha barriga não doeu.
No dia 29 de dezembro, meu filho Adson Alan se casaria com Carla. Prometi aos dois que nenhuma dor me tiraria o direito de estar presente. No dia 27 de dezembro minha irmã Vera e seu esposo Arnaldo vieram de Lagarto (cidade do estado de Sergipe) e meu sobrinho Dani veio de Ribeira do Pombal para o casamento.
Minha irmã se surpreendeu com meu estado, com o quanto eu estava magra. Eu a informava de tudo por telefone, ela não achava que era tanto assim. Percebi que ela ficou muito triste, ainda estava sofrendo com a morte de nossa mãe e agora estava me vendo muito doente. Ela tentou disfarçar, mas a tristeza estava em seu olhar.
Chegou o dia do casamento, vesti meu lindo vestido verde, minha nora Larissa me maquiou divinamente, fiquei linda e feliz, não estava sentindo dores. Fomos para o casamento, foi uma linda e solene cerimonia evangélica (Carla é evangélica). O buffet estava impecável, eu não podia comer nada das iguarias e guloseimas servidas, mas meu filho e Carla pensaram em tudo e me levaram uma tigela cheia de salada de frutas. Tiramos muitas fotos, foi um lindo casamento.
3 de janeiro de 2014, dia da consulta com Dra. Cândida, amiga de Dr. Fernando. Ela foi atenciosíssima, avaliou meu quadro clínico, passou uma lista de exames necessários para o procedimento da colonoscopia, me orientou sobre uma dieta líquida durante 3 dias e marcou a colonoscopia para o dia 7 do mesmo mês.
Dia 7, dia do exame, cheguei ao Centro de Hemorragia Digestiva às 6h para fazer uma pesada lavagem estomacal. Às 14h fui anestesiada para a realização do exame, quando acordei Dra. Cândida estava informando ao meu esposo que havia uma lesão no meu colon e que iria me encaminhar para a cirurgia do hospital. Fiquei abalada, imaginei que ali acabariam meus sonhos, meus projetos… Mesmo apreensiva lembrei-me de agradecer a Dra. Cândida a boa vontade dela para comigo.
Dra. Isabel, a cirurgiã, marcou minha internação para o dia 14 e a cirurgia para o dia 17 de janeiro. Carlos e os meninos, todos muito tristes e fingindo que não estavam, me levaram para o hospital. Mantive uma postura otimista, não deixei transparecer minha apreensão, não queria eles sofrendo.
Fiquei internada, fiz duas lavagens retais e fiquei de dieta líquida, precisava fazer uma tomografia para mostrar o tamanho exato da lesão; a tomografia mostrou mais coisas.
Havia em meu intestino pequenos implantes, então não era recomendado fazer a cirurgia no momento, eu teria que passar primeiro pelo tratamento com quimioterapia. Os médicos decidiram fazer uma colostomia, cirurgia para desviar meu intestino grosso e colocar uma bolsa de estoma, porque meu ânus seria obstruído.
A cirurgia foi realizada, estou usando um estoma, uma bolsa do lado esquerdo do meu abdome; não é permanente, após a cirurgia para retirar a lesão meu intestino será colocado no lugar, tenho fé em Deus que isso realmente acontecerá. Foi feita a biópsia que confirmou: Câncer. Essa confirmação me ocasionou medo, todos têm medo dessa doença. Para completar, estava ali com um estoma, um acesso para eliminar as fezes pela barriga. Sei que é para o meu melhor, meu intestino voltou a funcionar normal, não sinto mais dores, mesmo assim fiquei abalada. Não me sinto mulher, não controlo as idas ao banheiro, não pirei porque sou guerreira, sou uma mulher de fé, confio na providencia divina.
Passei 8 dias no hospital, meus filhos, minhas noras e Carlos estavam o tempo todo comigo. Fiz amizade com Cica, uma paciente que estava internada no mesmo quarto que eu, e com suas irmãs Vera e Déa. Pessoas encantadoras, que encontravam alegria na dor, elas me tratavam com muito carinho, parecia que me conheciam há muito tempo, “coisa de Deus”, jamais esquecerei.
Recebi alta, meus meninos me levaram para casa. Que bom voltar pra casa! No dia 3 de fevereiro Eduardo me levou ao Hospital Aristides Maltez para marcar a primeira consulta com o médico proctologista. Fomos informados que teria vaga somente em abril. Não dava pra esperar tanto tempo, eu necessitava de tratamento com urgência. Larissa falou com Shirley, sua prima médica (ginecologista) pedindo que ela me ajudasse, que intercedesse para que meu atendimento fosse de imediato. Dra. Shirley falou com o proctologista do hospital e pediu para ele me atender, ele agendou o atendimento para o dia 7 de fevereiro, às 7:30 da manhã.
Que maravilha, Deus estava facilitando tudo para mim através de pessoas bondosas. No dia marcado Eduardo me acompanhou na consulta com o proctologista. Ele avaliou meus exames e solicitou outras tomografias e raio X mais específicos. Ele falou que faria minha cirurgia, mas teríamos que recorrer ao Ministério da Saúde em busca de uma autorização, porque a cirurgia carece de um procedimento diferenciado, que ainda não tem cobertura pelo SUS. Ele me indicou uma advogada, sua amiga, ela vai recorrer na justiça a liberação da minha cirurgia.
O cirurgião me encaminhou para a primeira consulta com o oncologista. Ele me explicou como seria meu tratamento e me encaminhou para a enfermeira chefe, encarregada da marcação dos ciclos quimioterápicos. Foi marcado o 1º ciclo para o dia 12 de fevereiro, começaria a partir daí o meu tratamento. Meus filhos se revezam a cada necessidade, minhas noras da mesma forma.
Alan foi comigo para a aplicação do 1º ciclo de quimioterapia, que tem duração de 4 horas. Percebi que ele estava apreensivo, me perguntava a todo instante se eu estava bem. Tomei a medicação com confiança e boa vontade, pois sei que Deus está operando em minha vida.
Os 3 primeiros dias senti reações estranhas e cansativas, me esforcei para colocar otimismo no corpo e na mente e fiquei bem.
Recebi o resultado das tomografias, levei para o proctologista e, para minha tristeza,ele falou que havia pequenos implantes também nos pulmões e fígado. O câncer estava sendo rápido, estava se espalhando. Fiquei firme, não chorei, não posso ser fraca, quero viver, me formar pedagoga, ver meus netos nascerem e nina-los, ver Moisés adulto e encaminhado na vida assim como os irmãos. Quero tudo isso e terei com fé em Deus.
Não farei a cirurgia por agora, somente após os 8 ciclos de quimioterapia o médico determinará a data. Estou, pouco a pouco, obtendo sucesso, retorno bem de cada sessão de quimio, me alimento bem, já ganhei peso, melhoro a cada dia que passa.
Vivo cercada de amor e cuidados dos filhos, esposo, das noras e amigos, em especial Tânia, uma competentíssima pedagoga e mãe de minha nora Larissa. Ela se dispõe a cuidar de mim me proporcionando conforto. Ela manda sua secretária fazer faxina em minha casa todo dia de quinta-feira e me proporciona tranquilidade através das orações do terço da libertação em súplica pela minha cura. Essa oração acontece nas noites de terça-feira em minha casa, com as presenças constantes de Juliana e Jonatan, Eduardo e Larissa, Tânia, Carlos, Moisés, Alan e, de vez em quando, Carla. Depois da oração do terço sempre tomamos um café super reforçado, regado a conversa boa e muitos risos.
Meus colegas e professores telefonam sempre para saber como estou. Recentemente, me presentearam com uma cesta cheia de lembrancinhas.
Meu tratamento continua, Juliana e Carla já ficaram comigo na quimioterapia. Larissa não pode porque, recentemente abriu seu salão de beleza e está trabalhando duro.
Graças a Deus meu corpo está reagindo bem ao tratamento, os efeitos colaterais são amenos e meus cabelos não caíram. Não estou tendo uma vivencia social, não exatamente por causa da doença em si, pois nem parece que estou doente, mas sim por causa do estoma, o acesso cresce muito e fica se deslocando de dentro da minha barriga, pesa e incomoda, então não saio de casa sem necessidade, saio somente para o hospital, de vez em quando vou ao apartamento de Eduardo e Larissa ou uma voltinha no shopping, meus filhos me levam de carro, pois não posso andar muito.
Faço calmamente alguns afazeres domésticos sem pegar peso, não gosto de ficar parada. Se não fosse essa “situação” daria para ir tranquilamente à faculdade, mas não posso. Já pensou se eu andar muito e meu intestino sair todo para fora?
Ocupo meu tempo com ações construtivas: Faço cursos online, crio projetos pedagógicos para educação infantil, assisto filmes, leio bons livros… Ah! Atualizo meu blog, esse que você está lendo agora ;-) .
Meu esposo está sempre do meu lado, não deixa faltar nada que seja fundamental para minha saúde. Traz minhas refeições na bandeja, pergunta se quero comer algo diferente, se quero um chá… Tudo na hora certinha.
Pensem na grandiosidade que estou vivenciando, nesse momento difícil percebi que sou muito amada pela família, amigos e pessoas conhecidas. Todos oram e pedem a Deus pela minha saúde, toda essa positividade reflete em meu tratamento e me faz sentir revigorada.
O oncologista passou mais 3 tomografias e raio X para avaliar a reação da lesão após o tratamento com quimio até aqui. Peguei os resultados no dia 27 junho, mas não tive coragem de abrir pra dar uma olhada no dia 30 de junho fui ao Hospital Aristides, às 7h da manhã para mostrar ao oncologista cirurgião um jovem profissional de postura séria, competente, que desde a primeira consulta me transmitiu sentimento de confiança, é um privilégio ser acompanhada por ele!
Meu filho Alan e eu aguardamos na sala de espera, às 11:30 fui chamada para a sua sala (demora muito porque são muitos pacientes a serem atendidos). Dr. Emerson me cumprimentou e ficou contente ao constatar que ganhei peso e que estou bem.
Pronto, ele abriu os envelopes das tomografias, minhas ansiedade aumentou, ele olhou calmamente e com um sorriso fraterno nos informou que as lesões estão diminuindo e que algumas não se vêem mais, meu corpo está reagindo positivamente ao tratamento. Pensem na minha alegria! Ele falou que se as coisas continuarem com essa positividade em dezembro ele realizará minha cirurgia para retirar qualquer vestígio da doença em meu intestino e retirar a bolsa de colostomia.
Terminada a consulta, me despedi dele alegremente, ele sorridente falou: “Vá com Deus, dona Zuleide.” Minha próxima consulta com ele será em setembro.
No dia 7 de julho tomarei o sexto ciclo de quimioterapia. Ainda não sei quando será realizada minha cirurgia.
Devo compreender que há um propósito de Deus com esse adiamento dos meus sonhos e que vencerei minhas provações. Creio que Deus tem um tempo para mim, um tempo no qual esta enfermidade abandonará meu corpo e a saúde voltará a revigorar minhas forças. Então o sofrimento passará e a felicidade se instalará em nossos corações.
Em um futuro breve relatarei minha cura!
Continua…