Lembro-me da primeira vez em que pensei sobre a finitude. Era ainda criança e em um dado momento de minha história, pensei: E se eu morrer, o que acontecerá? Será que deixarei de existir? Lembrarei de algo? Tudo se apagará? Obviamente, não foram com essas palavras que me questionei, mas no centro de minha inquietação, lá elas estavam. A partir daí, sempre fui movido por um desejo de ir além e de ser mais além. Como era de família católica, comecei a me identificar profundamente com a Igreja, mas fui muito além do modus operandi de minha família. Desde pequeno, já gostava de ir à Igreja e bem cedo comecei a frequentar a catequese com minha prima, mesmo ainda não podendo. Ao escrever essas primeiras linhas, sinto um atravessar saudoso de minha alma. Lágrimas me invadem… Realmente, as letras são uma das possibilidades de (re)elaborar a nossa história, construindo-a. Somos palavras, afetos, lembranças, esquecimentos, relações…
Cerca de um mês atrás me deparei com um vídeo do Mário Sérgio Cortella sob o mesmo título do presente texto “Se você não existisse, que falta faria?” Confesso que fui tomado por lembranças que me fizeram também pensar sobre o tempo presente. Afinal de contas, como tem sido a minha vida? Tenho uma vida de propósito? Caso morresse hoje, que falta eu faria na vida das pessoas?
Parafraseando o filósofo que recorreu a outros clássicos pensadores, reafirmo que geralmente nós não temos clareza da obra que é a nossa vida. Ela é sempre inacabada, um constante devir que nos pode conduzir – tal como o texto que agora escrevo – para diversos caminhos. O caminho, lembremos, é sempre feito ao caminhar, assim como o texto é escrito ao escrever. Um primeiro passo, uma primeira letra há que se efetivar para que ocorra a “tradução”…
Na efemeridade da vida, vamos nos dando conta de que viver é sempre perigoso e arriscado. Nunca sabemos “como será o amanhã.” Ao sabor de Santa Terezinha, constatamos que só temos o hoje!
No hoje, sou capaz de compor minha obra. Não sei sobre o que virá, mas vivo estou no tempo presente e cabe a mim e a cada um de nós a inquietação acerca da função que temos na existência, ou seja: quais lugares ocupo em minhas relações, família, trabalho, Instituições religiosas, grupo de amigos, etc.
Como acredito que a reflexão abre muitas portas, cá, mais uma vez, estou eu a te “cutucar” para que também possas construir sentidos que iluminem seu caminho e de tantos outros e outras que talvez esperem ser afetados pela sua vida.
E tentando responder à pergunta que move meu texto, acredito que eu faria falta na vida de muitas pessoas que se entrelaçam à minha história. Sou um pouco de cada uma delas e também creio profundamente que o perfume de minha existência tem dado novos odores a delas. Tudo é relação e reciprocidade. É dialético! Eu faria falta no mundo, sim! E eu sentiria falta deste mundo? … Sim, profundamente… E você? Que achas disso tudo?