Quando eu cheguei a assessoria de imprensa do Galícia, em 2007, minha primeira missão foi mergulhar na história do clube fundado pela colônia espanhola na Bahia, a fim de produzir conteúdo para o site oficial do “granadeiro azulino”, que à época estava sendo desenvolvido.

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Passava tardes e mais tardes na Biblioteca Central dos Barris, em Salvador, vasculhando páginas e mais páginas dos jornais na seção de Periódicos Raros. Ao chegar na década de 1980, um nome era mais recorrente do que os demais: Washington. Baiano de Valença, Washington César Santos foi revelado pelo Galícia. Em 1980, seus gols foram fundamentais para que o azulino desbancasse o Bahia e se tornasse vice campeão estadual, perdendo o título para o Vitória. Aquela geração de ouro granadeira ainda tinha craques como Toninho Baiano, Rangel e Esquerdinha.

Dotado de grande impulsão, Washington utilizava seus 1,88m constantemente para levar vantagem sobre os defensores adversários. Apesar de grandalhão e um tanto desajeitado, o atacante tinha muitos recursos técnicos, o que lhe rendeu gols memoráveis, como o de bicicleta no clássico Fla-Flu de 1985, pelo Campeonato Carioca, após cruzamento de Paulinho. Quando havia escanteio a favor do Fluminense, a torcida tricolor já preparava o canto: “Ão, ão, ão, na cabeça do negão”, para o desespero dos zagueiros que tinham a missão de marcá-lo na área.

Antes do sucesso no Flu, o atacante baiano brilhou no Atlético-PR em 1982, ao fazer dupla com Assis e conquistar o campeonato parananese. Nascia ali o famoso “Casal 20”, que despertou o interesse do tricolor das Laranjeiras. Pelo clube do Rio, Washington marcou 118 gols em 311 jogos, tornando-se até hoje um dos maiores artilheiros da história do Fluminense, onde faturou o Campeonato Brasileiro de 1984 e três estaduais (83, 84 e 85).

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O atacante deixou o Fluminense em 1989, passando por clubes como Botafogo, União São João, Atlético-PR, Desportiva (ES), Santa Cruz, Galícia (onde foi vice-campeão baiano em 95) e Fortaleza, antes de encerrar a carreira em 1996 pelo Foz do Iguaçu (PR). Washington também teve participações na Seleção Brasileira.

Neste domingo, 25 de maio, chega a notícia de que Washington, aos 54 anos, perdeu a luta para uma esclerose lateral, doença degenerativa que não tem cura. Ele estava internado em casa, em Curitiba, e foi encontrado já sem vida por um enfermeiro por volta das 6h.

E o futebol brasileiro está mais triste hoje.

Descanse em paz, Washington!