O Grupo de Estudos em Teatro do Oprimido (GESTO), coletivo de pesquisadores criado em 2011, sediado atualmente na Escola de Teatro da UFBA, responsável pelas articulações para criação na Bahia da primeira especialização no Brasil do método criado pelo brasileiro Augusto Boal, técnica cênica-social difundida em mais de 170 países do mundo, estará lançando no próximo dia 25 de janeiro, em Salvador, na Cooperativa Baiana de Teatro (Rua da Laranjeiras, 46, Pelourinho), às 17h30, coletânea “Teatro do Oprimido e Universidade: Experienciações Pedagógico-Artivistas E(m) Rede para Esperançar”, pela editora Mundo Contemporâneo.

O lançamento, que integra a programação de atividades da primeira etapa da “Especialização em Teatro do Oprimido: Práticas Político-Pedagógicas”, reflete sobre “fazeres” derivados, inspirados e/ou totalmente norteados pela metodologia do Teatro do Oprimido, dividido em dois grandes blocos temáticos – “Perspectivas Pedagógicas e Virtualidades” e “Artivismos, Redes e Interseções”. O GESTO – grupo de pesquisa cadastrado no Diretório do CNPq – declara que a publicação se destina a professores e professoras do ensino superior e da educação, bem como a todos os formadores desejosos à transformação do mundo.

Vale pontuar que, a pós-graduação em Teatro do Oprimido – que tem como coordenadora a professora e pesquisadora da Escola de Teatro, Antonia Pereira, destina-se a proporcionar uma sólida formação, que não apenas instrumentalize os diferentes profissionais das humanidades com a metodologia, mas que contribua para produzir estudos e ferramentas sociais para o combate de problemas como o racismo, a homofobia, a pobreza, mediante o fortalecimento do potencial artístico-cultural.

Oprimidas

No mesmo dia, a dramaturga, diretora, atriz, ativista feminista-antirracista-decolonial-comunitária e Kuringa (assim chamava Boal os pesquisadores que estiveram ao seu lado no processo de criação da metodologia), Bárbara Santos lança o livro “Teatro das Oprimidas – estéticas feministas para poéticas políticas”, pela editora Philos. Na publicação, Santos – que integra o quadro de docentes da Especialização em Teatro do Oprimido, da UFBA – apresenta os processos investigativos, inaugurados em 2010, os desafios e as descobertas do desenvolvimento prático e a sistematização teórica de uma metodologia teatral que se dedica à representação cênica de opressões atravessadas pela intersecção entre gênero, raça e classe, desde uma perspectiva estrutural.

“Teatro das Oprimidas – estéticas feministas para poéticas políticas” oferece a descrição detalhada de um vasto repertório de exercícios, jogos e técnicas originais, desenvolvidas ao longo de mais de uma década, e um conjunto de adaptações feitas a partir do Teatro do Oprimido, método sistematizado por Boal. No lançamento do livro, além de assistir ao curta-metragem “Anastácia em Des-Mordaça”, o público terá a chance participar de um debate com Bárbara Santos sobre a metodologia.

Na obra a ser lançada, Bárbara Santos apresenta o trabalho desenvolvido pela Rede Ma-g-dalena Internacional – RMI, fundada por ela em 2012, rede composta por grupos teatrais e artistas-ativistas da América Latina, Europa e África, que se articulam em iniciativas locais, regionais e internacionais, por meio de estéticas feministas de perspectiva antirracista-decolonial-comunitária, para a garantia e a ampliação de direitos, com vistas ao desmonte do Patriarcado.

Com experiências diversas em mais de 40 países, Bárbara Santos tem investigado e desenvolvido abordagens artísticas inovadoras, que tratam das interseções entre gênero, raça e classe em uma perspectiva contextual, por meio de estéticas feministas, com enfoque em percursos criativos de som/ritmo. O livro teve sua versão em inglês apresentada na Universidade do Texas, em Austin, EUA, em outubro de 2023, e no Encontro Latino-Americano de Teatro do Oprimido, em sua versão em espanhol, na cidade de Puebla, México, em novembro do mesmo ano.

Especialização

Os lançamentos fazem parte da primeira etapa da Pós-Graduação, que ocorrem desde o dia 15 até 27 de janeiro. A formação é fruto direto das ações do projeto “Estruturante de Formação em Teatro do Oprimido” – contemplado no Edital Pro-Humanidades (nº 40/2022 – Linha 3B – Projetos em Rede – Políticas públicas para o desenvolvimento humano e social), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

O referido projeto conta ainda com a parceria de instituições associadas: Universidades Federal do Acre -UFAC; Federal do Sul e Sudoeste do Pará – UNIFESSPA; Federal do Sul da Bahia – UFSB e Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. A especialização tera uma duracao de 18 meses e a segunda etapa ocorre de 15 a 27 de julho de 2024; e a terceira de 20 a 25 de janeiro de 2025.