Acasos, destinos e amores que se trançam em meio a lembranças que unem passado e presente. Há filmes que são feitos para eternidade. Trem noturno para Lisboa, adaptação do livro do francês Pascal Mercier, é um deles.
Um professor suíço, magistralmente interpretado por Jeremy Irons, é movido pela curiosidade quando se depara, em situação inusitada, com um livro-relato de um autor português. Lisboa é o seu destino. É lá que resolve desencavar episódios que o levam aos primeiros anos dos 70 em meio à ditadura de Salazar.
Mais do que ilustrar a violência de um regime cruel e fascista, o filme do diretor dinamarquês Bille August discute relações humanas. Ser bom ou mal, amar e trair são posturas e sentimentos que passam à margem de posicionamentos políticos e ideológicos.
O tempo se encarrega de explicar os destinos e escolhas dos personagens. A Revolução dos Cravos, em 1974, que libertou Portugal, também aprisiona ressentimentos e mágoas.
A produção alemã de 2013, que traz também as participações de Charlotte Rampling, Bruno Ganz e a ponta luxuosa de Lena Olin, se pretende um filme político, sem, no entanto, se deixar levar pelo panfleto. Com narrativa sustentada por roteiro marcante, a película constata que no trem da vida o inesperado é que dá o leme do itinerário. É filme pra ver e rever.