Com incentivo da Lei Rouanet, espetáculo fica em cartaz até 26 de março

Serviço
O quê: O Caminho dos Mascates – Coletivo DUO, com direção de Elisa Mendes
Quando: até 26 de março, lançamentos diários das 19h às 23h
Onde: Youtube do DUO – https://youtube.com/c/ColetivoDuo
Entrada: Gratuita

O Coletivo DUO anuncia os últimos dias para assistir gratuitamente ao espetáculo musical O Caminho dos Mascates, que conta com dramaturgia de Denisson Palumbo e direção de Elisa Mendes. A obra fica em temporada virtual até 26 de março, gratuitamente, com exibições diárias pelo YouTube do DUO, com acessibilidade em libras e legendagem. Esta temporada contou com o patrocínio da RV Digital e BM Logística, através da Lei de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet, por meio da Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo – Governo Federal.

Na história distópica, os mascates Antônio Corrente, Antônio das Velhas e Antônio Massangano – vividos pelos atores Israel Barreto, Marcos Lopes e Saulus Castros, respectivamente – carregam em suas malas ausências, histórias e desejos, questionam suas vivências e produzem repentes a partir de dúvidas territoriais. Um quarto ator compõe o elenco, Lineu Guaraldo, que dá vida a personagens diversos, dentre eles o radialista e o João Samburá – irmão de Antônio Massangano.

Em O Caminho dos Mascates, um muro separa Brasil e Unidos Estados do Nordeste. Esta é uma nação criada por Palumbo, pedaço de terra sertaneja cercado de Brasil por todos os lados, separados por uma muralha ficcional, mas que na realidade é uma ilusão que oprime, que não permite ser ancestral e deixa interrogações. Teatro do real?. Muitos já quiseram separar o Nordeste do território Brasil.

Com direção cênica de Elisa Mendes, “O Caminho dos Mascates” é permeado de referências coletivas do ser nordeste, de um povo imaginário que em trânsito construiu um Brasil. Palumbo traz para sua embolada musical e dramatúrgica um plebiscito que questiona ao povo se ele deseja a derrubada dessa muralha repleta de ilusões – geográficas e racionalistas, se os nós fronteiriços devem ser desatados, demolidos.

Nesta linha de raciocínio, Elisa Mendes diz que “O Caminho dos Mascates” discute sobre identidade, território e poder, e nos leva a pensar, “os Brasis que temos, a discutirmos sobre as muralhas que nos afastam, que nos segregam”, sendo a muralha “a própria lida, os impedimentos constantes para que a nossa sociedade avance”.

Nessa narrativa, os mascates “representam os espíritos inquietos, que não se dobram fácil, defendem a liberdade e a alegria como guia”. Palumbo diz: “os mascates são o que for possível”. E se for possível, “com quantas malas se faz uma viagem?”. E as possibilidades são inúmeras. É no caminho, com suas malas em punho, que eles cruzam passado, presente e o que a de ser o futuro. Em seus caminhos, os Mascates encontram-se à beira de um rio de imaginação.

Urbano virtual
Em “O Caminho dos Mascates”, música e dramaturgia se borram. O espetáculo é musical por si, com falas ritmadas que dão vidas às personagens. Com direção musical de Saulus Castros, a musicalidade traz a pluralidade dos Nordestes. Baiões, Bois, Aboios, Sambas de roda, Maracatus, Cavalos Marinho, Frevos, Emboladas, Carimbós, Xotes, Xaxados, Serestas e tantas outras sonoridades do Brasil-Profundo.
“Rítmicas pensadas em comunhão com as dinâmicas e musicalidades da própria dramaturgia, criando as percepções e mudanças de tempo-espaço, as territorialidades das personagens, as atmosferas e densidades das cenas. A musicalidade ressalta a caminhada dos atuantes-tocadores”, descreve o diretor musical.
O cenário, figurinos e acessórios de cena são compostos de fragmentos terrosos de tecidos em algodão, couro e malhas, madeiras, metais e plástico. Retalhos que compõem uma visualidade que nos leva a um Nordeste distópico e em construção. Um elemento muito potente da nossa cenografia são as malas, signos de memória, de lembranças.