Produções da Chapada Diamantina vencem concurso de 2014 utilizando tecnologias do Consórcio Pesquisa Café…
Cafezinho a baiana. A Bahia produziu 2,28 milhões de sacas de café de 60 kg em 2014 (Conab/Set2014), o que torna o Estado o quarto produtor nacional de café, atrás de Minas Gerais (22,62 milhões de sacas), Espírito Santo (12,85 milhões de sacas) e São Paulo (4,47 milhões de sacas). E não é só volume de produção que tem dado destaque à cafeicultura baiana.
Nos últimos anos, o estado não só agregou o café à sua produção agrícola, como também se tornou um dos grandes produtores de cafés de qualidade, o que tem permitido vencer vários concursos de cafés especiais, como foi o caso recente do 15º Cup of Excellence – Early Harvest Brasil 2014, promovido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA).
Essa conquista é resultado da articulação da pesquisa, produção, extensão rural e ensino de instituições integrantes do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. No Estado, fazem parte do Consórcio a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
Como reflexo dessa articulação, a Bahia, que tem tradicionalmente produção expressiva de café arábica, vem se tornando, nos últimos anos, também grande produtora de café conilon. Das 2,28 milhões de sacas produzidas em 2014, 1,23 milhão foram de arábica e 1,04 milhão de conilon.
A produção de conilon na Bahia concentra-se predominantemente na região Atlântica, localizada no extremo Sul do Estado, composta pelos municípios que se situam em torno de Eunápolis, Porto Seguro, Itabela, Alcobaça e Teixeira de Freitas.
Concurso de cafés especiais
Os produtores baianos vencedores dos cinco primeiros lugares do 15º Cup of Excellence – Early Harvest Brasil 2014, promovido pela BSCA, utilizaram tecnologias e cultivares (Catuaí e Catucaí) desenvolvidas por entidades parceiras do Consórcio Pesquisa Café (Instituto Agronômico (IAC) e Fundação Procafé.
O concurso é realizado anualmente com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e da Alliance for Coffee Excellence (ACE) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
No total, 21 produtores de cafés cerejas descascados e/ou despolpados dos estados da Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo sagraram-se vencedores do 15º Cup of Excellence – Early Harvest Brasil 2014. Todos eles atingiram notas superiores a 85 pontos com base na escala de 0 a 100 pontos da Specialty Coffee Association of America – SCAA.
Cinco vencedores da Chapada Diamantina
O vencedor, Cândido Vladimir Ladeia Rosa, da Chácara Ouro Verde, em Piatã, com 94,05 pontos, utilizou a cultivar Catuaí, do IAC. Com essa vitória, o produtor foi vencedor pela segunda vez, pois sua primeira conquista ocorreu em 2009.
O segundo colocado, Antonio Rigno de Oliveira, da Chácara São Judas Tadeu, alcançou 93,36 pontos – cultivar Catuaí.
Em terceiro, ficou a produtora Zora Yonara Macedo Pina Oliveira, da Chácara Tijuco, com 92,26 pontos – cultivar Catuaí.
Em quarto lugar, Eulino José de Novais, da Fazenda Santa Bárbara, com 90,14 pontos obtidos – cultivares Catuaí (IAC) e Catucaí, da Fundação Procafé.
Em quinto, Simpliciano Alves Neto, da Fazenda Vista Alegre – 89,05 pontos com a cultivares Catuaí e Catuacaí.
Mais vencedores de MG, BA e ES
Também foram premiados no Cup of Excellence – Early Harvest 2014 outros produtores que utilizaram tecnologias do Consórcio: oito das Matas de Minas (MG); quatro do Planalto Baiano (BA); dois da Mantiqueira de Minas (MG); um do Cerrado Mineiro (MG) e um das Montanhas do Espírito Santo (ES).
Mercado de cafés especiais
Segundo a BSCA, a demanda pelos grãos especiais cresce em torno de 15% ao ano no Brasil e no exterior, em relação ao crescimento de cerca de 2% do café commodity. O segmento representa hoje cerca de 12% do mercado internacional da bebida.
O valor de venda atual para alguns cafés diferenciados tem um sobrepreço que varia de 30% a 40% a mais do que o café convencional. Em alguns casos, pode ultrapassar a barreira dos 100%. Os principais mercados consumidores dos cafés especiais brasileiros são, na ordem: Japão, Estados Unidos e União Europeia.
Coreia e Austrália também consomem cada vez mais cafés especiais brasileiros. Em relação ao consumo interno, das 20 milhões de sacas consumidas no Brasil, estima-se que um milhão seja de cafés especiais.
Atributos positivos dos cafés especiais
Os atributos predominantes dos cafés especiais são influenciados principalmente pelas características das regiões produtoras, condições edafoclimáticas, durante a maturação e colheita, além dos cuidados e tecnologias de plantio e beneficiamento empregadas nas fases de colheita, pós-colheita e preparo do produto.
Cafés especiais são aqueles que se distinguem por uma característica peculiar ou grupo de atributos singulares possuindo, portanto, uma especialidade ou especificidade na percepção de seus atributos sensoriais e de seu sistema de produção.
A cafeicultura na Bahia
A área total de produção de café no Estado da Bahia, em 2014, é de aproximadamente 142 mil hectares. São 167 municípios produtores – dos quais 80 têm grande importância no cenário cafeeiro do Estado – que geram cerca de 250 mil empregos.
A produtividade média é de 16 sacas por hectare (Cerrado – 39,6; Planalto – 8,1; e Atlântica – 31,9). A grande maioria das propriedades (86%) está vinculada a pequenos produtores e/ou agricultores. As demais são de médios e grandes proprietários, sendo que, desse número, somente 5% apresentam áreas superiores a 100 hectares, concentradas no Oeste, onde a atividade é empresarial.
Café nas regiões da Bahia e seus destinos
A cafeicultura desenvolvida no Estado da Bahia apresenta atualmente um quadro tecnológico bastante diversificado, o que reflete diferentes condições ambientais, variadas formas de ocupação do seu espaço agrário e modalidades de organizações da atividade produtiva. O Estado possui três regiões produtoras principais: Cerrado e Planalto (regiões que concentram café arábica) e Atlântica (especializada em conilon).
Segundo a professora titular do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia da UESB, Sandra Elizabeth Souza, os primeiros plantios de café arábica na Bahia datam dos primórdios do século XX, nos municípios do Vale do Jiquiriçá, Brejões e Santa Inês – que compõem o Planalto baiano e têm grande potencial para produção de cafés despolpados, suaves e aromáticos. A região caracteriza-se por uma cafeicultura de base familiar, poucos recursos hídricos e altitude entre 600m a 1380m.
Já a região Oeste ou Cerrado é caracterizada por uma cafeicultura empresarial, totalmente irrigada e mecanizada, assemelhando-se aos cafés produzidos no Cerrado de Minas Gerais. Nela, é produzido cafés naturais finos e despolpados, excelentes para serem usados em blends destinados ao expresso.
O Extremo Sul e Sul do Estado produzem um dos melhores cafés conilon do mundo e caracterizam-se por uma cafeicultura empresarial organizada. O município de Itabela é o maior produtor de conilon da Bahia, seguido de Teixeira de Freitas, Itamaraju, Alcobaça, Eunápolis, Camacan e Arataca.