As primeiras ações do ser humano desde um bebê estão concentradas nas definições. O homem já sai do ventre de sua genitora em busca de definições. Que luminosidade forte é essa? Como faço para respirar aqui fora? Que foi isso que bateu no meu bumbum? E essas questões só vão ganhando complexidade.
Muitas dessas definições são, de fato, imprescindíveis para a formação do indivíduo e seu intelecto. Muitas. Não são todas. Das que sobram, inúmeras serão tão inúteis quanto saber que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa para um jornalista de 30 anos. Restam as que não merecem ser definidas. Não pela relevância que as cercam, mas pela ausência de necessidade de dar nomes, de atribuir significados, de obter conceitos precisos ou de diferenciar de outras. Já imaginou, por exemplo, se o homem jamais tivesse se preocupado com as tonalidades das peles e o aspecto dos cabelos, por exemplo? Ou ainda se não fosse estipulado que um homem precisaria gostar de uma mulher e o contrário? Já pensou se o homem simplesmente não tentasse fazer a milenar pergunta “o que é o amor?”?
Caro leitor, em verdade, trouxe essas questões mais drásticas e simbólicas para provocar outros questionamentos uma reflexão. Nossa colunista e amiga Fabi Ferreira, num ensaio sobre o desapego, sinalizou, com astúcia e leveza que lhe são particulares, a necessidade de desapegarmos do que entendemos que nos faz feliz. Quero só amplificar essa necessidade. Será que é preciso definir tudo que vivemos? Temos mesmo que conceituar tudo que nos cerca? Os sentimentos precisam mesmo ser explicados? Muito do que perdemos tempo tentando definir merecia um pouco mais de dedicação de apenas ser experimentado e saboreado.