Geralmente, é só no entardecer da vida que vamos nos dando conta da maneira como a maioria das instituições sociais – família, igreja, instituições políticas, grupos diversos – são demasiadamente castradoras e verificamos os meandros do cerceamento imposto ao pensamento dos indivíduos que problematizam e questionam. A regra é, na maioria das vezes, a uniformidade do pensamento.
Talvez o ato de questionar seja inerente ao ser humano. Podemos constatar que desde a mais tenra infância de nossa existência, há a presença deste. Quem não se recorda dos pequeninos, maravilhando-se com as coisas do mundo, a fazer perguntas? Infelizmente, às indagações das crianças, responde-se geralmente com um curto e sonoro “porque sim!”. Mesmo quando se sabe explicar o que se pergunta, a mais fácil atitude, talvez, é fazer calar, silenciar. E ao fazer calar, também nos calamos, pois, aos poucos, vamos silenciando o vulcão do saber que em nós habita e nos tornando aquilo que fazemos.
Por vezes, me questiono se o exercício do pensar é tão perigoso. Tenho constatado que muitos são os que nem se atrevem a realizar o aprendizado do pensamento a sós, em seu íntimo, já que, teoricamente, seria a consciência o terreno mais fértil para que as sementes de transformação germinem.
Pensando bem, talvez aí resida o fato de a consciência ser o primeiro terreno a ser infertilizado. Uma vida de não pensamento e reprodução do que está posto necessita de tal empreitada. Por isso, caríssimo leitor, cabe a nós promover cotidianamente processos de fertilização do pensar, caso queiramos sair das cavernas do não saber. A escrita e a leitura são, para mim, procedimentos poderosos de fertilização. Lançar sementes é uma de nossas tarefas primordiais, cabendo esperar que, no tempo oportuno, a colheita se efetive, pois a semente lançada não será em vão. Algumas ou muitas sementes sempre resistem e, de tempo em tempo, a esperança renasce. Portanto, sendo este o nosso desejo, semeemos!