Outro dia, eu estava olhando numa revista de fofoca sobre o casamento da cantora da banda “Aviões do Forró”. A foto de capa era do casal no altar, no momento do “sim”. O que chamou minha atenção, no entanto, de cara, foram os convidados sentados na igreja, assistindo a cerimônia: na primeira fileira, nove dos 10 convidados (hipoteticamente falando) estavam de cabeça baixa mexendo no celular.
Com certeza, estavam ou no “zapizapis”, ou postando foto no “Insta”. Porque isso é moda, é febre, é epidemia, é “toque”, é doença. Todo mundo, inclusive eu, em boa parte do dia, está postando ou “zapizapiando”.
Look do dia: levantou da cama – foto descabelada dando bom dia; saída pro trabalho – foto no carro para mostrar os óculos novos; durante o trabalho – foto da mesa cheia de papel pra dizer que trabalha muito e ama o que faz, com destaque para caneca linda de café que ganhou do colega, no Natal…
…No almoço – impossível este momento ficar sem registro, salada mega colorida e apetitosa, para mostrar que é fitness (porque ser fitness tá na moda!); balada “casamigas” – foto no banheiro da Commons Bar (de lei!), fazendo biquinho de batom vermelho (momentos eu e minha trup, hahahahaha!). Minhas amigas vão morrer ao ler este passagem.
São infinitos momentos que, hoje, não passam mais despercebidos pelas lentes dos nossos celulares. É logico que a gente quer registrar momentos das novas vidas e blá-blá-blá, mas o objetivo atual não é eternizar a ocasião, como antigamente: revelar fotografias, fazer álbuns pra guardar como recordação, é só pra postar nas redes sociais, esperar as mil curtidas e comentários elogiosos de que você tá muito gata, que você tá chique demais, pelo simples motivo de estar “nasoropa”. Pronto, você é top que nem Bella Falconi, Tassia Naves, Carolina Riscado, Caio Castro (delícia!).
Dica do dia, look do dia, prato do dia, foto do dia, lugar do dia, top do dia…
Realidade vazia, mundo virtual cheeeeio. As pessoas saem pra jantar e estão cada uma em seu mundinho do “aiphone” e, “quem não tem bala na agulha”, vai de smartphone mesmo. Vai ao show do artista que ama, mas não viu, pois estava preocupado em registrar o momento e esperar a imagem carregar pra postar. O “namo” chama pra jantar! Tão lá os dois, curtindo fotos e postando no celular. Isso ficou muito chato e indelicado.
Uma prática estupidamente competitiva e consciente, uma corrida disputadíssima de quem está mais popular, quem alcança o mesmo número de seguidores da bronzeada tatuada da Barra; que as pessoas saibam que você também é tatuada e é gatinha do sucesso.
Uma escancarada e, às vezes, até desleal autopromoção nas redes deste mercado competitivo-afetivo. Está difícil mesmo e quem tem o seu que segure. As relações estão frias, sem conteúdo, sem link. Essa fase é ótima, mas quem quer viver assim AD ETERNUM? Tem uns malucos aí que até topam. Mas não irei me estender neste assunto digno de tema de livro de tão extenso que é.
É também um novo padrão social que as pessoas necessitam se inserir, a todo custo. Acho que isso tudo talvez seja falta de autoestima. Necessidade de mostrar o que você faz, o que você é, mesmo sem ser aquilo que está mostrando. Eu ainda não entendi como uma pessoa comum torna-se top do “Insta” do nada, só por postar “dicas de saúde e beleza”, mesmo sem ter nenhum tipo de preparo e de conhecimento do que está postando.
Não sei, não pesquisei sobre nenhum estudo desse novo jeito moderno, mas minha opinião é a seguinte: diminua os flashes e vá curtir e viver o momento. Fotos de celular a gente nem se preocupa em revelar e elas acabam se perdendo; ou celular deu problema e você perde todos os dados, ou num vacilo “o dono leva” (em bom baianês!) e você fica sem o registro material e sentimental, pois no dia você estava mais preocupado em postar do que viver.