Considerado um herói de sua geração, o cantor encantou milhares de jovens e adolescentes, dos anos 90. O vocalista principal do grupo Charlie Brown Jr, possuía em sua discografia, versos, melodias, composições as quais pareciam mais com poesias cantadas, transformadas em sucessos do rock nacional. Ninguém imaginara, porém, que na manhã daquela quarta-feira, 06 de março de 2013, há exatos 10 anos, o Brasil perderia precocemente um dos seus poetas musicais: Alexandre Magno Abrão, o ‘Chorão’.

Ainda era madrugada, quando o motorista dele e amigos decidiram ir até o apartamento de 250 metros quadrados, no bairro do Pinheiros, em São Paulo. Isto porque o cantor, que vinha sendo procurado por seus parceiros de vida, às vésperas do acontecimento, não atendia mais aos telefonemas e nem respondia as mensagens. No ambiente revirado, sem sinais de arrombamentos, foi encontrado entorpecente sólido esbranquiçado sobre a bancada, alguns frascos de medicamentos, latas de refrigerante, cerveja e garrafas de vinhos espalhadas por todo cômodo.

No chão da cozinha, Chorão de forma inconsciente, deitado de bruços, foi encontrado. Poucos minutos depois, após a equipe de primeiros socorros ser chamada, veio a constatação do óbito. Segundo a polícia, o cantor provavelmente teria morrido 2 dias antes daquela quarta –feira. Ainda segundo laudo necroscópico realizado pelo o Instituto Médico Legal (IML), Alexandre Magno Abrão morreu aos 42 anos devido a uma overdose de cocaína, agravada por problemas cardíacos.

Champignon, baixista da banda Charlie Brown Jr, amigo de Chorão por quase 20 anos, aguardou a retirada do corpo do vocalista, sentado no hall do apartamento do cantor, na época do fatídico acontecimento, visivelmente abalado, sozinho, ele afirmou estar péssimo diante da situação, o colega de caminhada afirmou ter perdido um’ irmão’. O que ninguém esperava era que Champignon se suicidaria ainda naquele mesmo ano, com um tiro na cabeça, 6 meses após a morte de Chorão.

Graziela Gonçalves, esposa de Chorão por 15 anos, em seu livro “Se não eu, quem vai fazer você feliz”, escrito em 2018, ela afirma que o cantor enfrentava um quadro grave de depressão. A biografia ainda traça o perfil do cantor nunca visto pela perspectiva do público e da mídia, relata os altos e baixos da carreira do vocalista e a relação do artista com a dependência química.

“Nos últimos anos, a preocupação com o humor dele já tinha se tornado uma constante na minha vida. Apesar do retorno recente e bem-sucedido da formação antiga do Charlie Brown Jr. (depois de uma briga que se tornou pública), com uma agenda cheia de shows para cumprir, o estado de espírito dele era a insatisfação permanente…”, afirmou Graziela em um trecho do livro.

Sua partida deixou um vazio sem precedentes aos fãs, admiradores, ao cenário musical, uma comoção nacional estarrecedora. Alexandre ainda na infância, passou por muitas dificuldades e estudou até a sétima série, entretanto, o garoto, nascido em São Paulo, apelidado de Chorão, pois chorava quando não conseguia realizar as manobras no skate, aquele roqueiro de comportamento explosivo, tinha habilidades em transformar situações tristes em composições profundas, com tons reflexivos a pautas sociais, melodias que ecoavam e inspiravam multidões, grande parte de suas canções imortalizadas até os dias contemporâneos.

Em Salvador, Chorão a frente do Charlie Brown Jr subiu pela última vez, às 22h, em 21 de dezembro de 2012, data nomeada como ‘Fim do Mundo’, o evento aconteceu durante o Bahia Music Festival, no palco do Bahia Café Hall, junto com a baiana Massa Sonora. O grupo voltava à capital com a formação original, depois de um ano sem apresentações. A data marcou o seu público, pois naquela noite, a banda mostrava seu novo álbum ao vivo, Música Popular Caiçara, lançado no mesmo ano em CD e DVD, no qual trazia uma seleção dos sucessos dos 20 anos de estrada da banda além de algumas canções inéditas.

Acesse o link abaixo e veja mais sobre a história de Chorão: