Por Curiando o Rolé

“Para a gente que lida com a sanfona e usa como instrumento de vida, de trabalho, essa data é muito importante”. Foi desta forma que Targino Gondim começou falando da importância do Dia Nacional do Sanfoneiro. É o primeiro ano que celebramos a data. A Lei nº 14.140 é de 19 de abril de 2021. A comemoração é em homenagem ao nascimento do músico Sivuca, que morreu aos 76 anos, em 2006.

Segundo Targino, celebrar a data é reverenciar a sanfona como um dos maiores instrumentos do país. “O instrumento é o que mais se familiariza e tem uma ligação com seu povo. Quando você escuta uma sanfona, na mesma hora sente a sensação da cultura, da arte, dos costumes de um povo, que desde cedo aprendeu a manuseá-la, ouvi-la e amá-la. É o legado de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, Sivuca, Osvaldinho e tantos outros sanfoneiros, forrozeiros e intérpretes da música brasileira”, diz.

Quanto à data escolhida, Targino diz ser muito simbólica. “Sivuca era um paraibano, grande maestro, não só da sanfona, mas de outros instrumentos. Era reverenciado no mundo inteiro como um grande músico, maestro, mestre e a gente fica muito feliz de o dia do sanfoneiro ser justamente na data do seu nascimento, um grande e querido amigo”.

Homenagem

Sivuca, assim como Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Osvaldinho são suas referências como sanfoneiro. “Quando eu criei o festival internacional da sanfona, liguei para Dominguinhos, Osvaldinho e Sivuca, que ainda era vivo na época, tive o aval de todos eles, mas infelizmente o primeiro festival ocorreu, o Sivuca já tinha desencarnado, mas ele foi devidamente homenageado”, conta. Atualmente, o festival é o maior evento de Acordeon, de sanfona da América Latina e traz os melhores sanfoneiros do Brasil e do mundo.

História

Foto: Henriqueta Alvarez

Nascido em Salgueiro, Pernambuco, Targino chegou em Juazeiro, na Bahia, ainda criança. Começou a tocar sanfona por influência do seu pai. “Herdei do meu pai a paixão pela obra de Luiz Gonzaga, aprendi a toca sanfona com ele, seu Targino, e ele por sua vez tinha aprendido a tocar com o irmão adotivo de Luiz, Eugênio Gonzaga”.

Targino conta que Eugênio foi praticamente criado por Santana e Januário, morando inclusive com eles no Rio de Janeiro. Aprendeu a tocar sanfona com Luiz e Zé Gonzaga. Quando voltou para o Sertão não tinha instrumento. “Quando ele chegou aqui, fez amizade com meu pai que tinha sanfona sem saber toca, então a sanfona surgiu dessa forma e foi assim que foi passada para mim essa herança musical”.

Canções Divinas e carta do Papa Francisco

“Eu sou muito inquieto, minha mente está sempre cheia de pensamentos e projetos que levem conhecimento às pessoas e possam melhorar o mundo através da música”. Foi assim que surgiu o projeto Canções de Luiz, com músicas de Luiz Gonzaga. Foram dois discos e a premiação de melhor cantor em 2010. Em seguida veio Canções Joaninas, com músicas ligadas à festa de São João. E ele pensou: a próxima será Canções Divinas, ligada à fé do povo nordestino, mas o projeto era sempre protelado.

“Foi quando surgiu o Papa Francisco, quando ele assumiu a frente da Igreja e veio a primeira vez ao Brasil, aquilo tomou conta de mim e eu disse: esse é o Papa, é agora que vou lançar o disco Canções Divinas. Escolhi as músicas e criei também uma homenagem ao Papa. Ele recebeu o CD de um ex-bispo de Juazeiro, Dom Rodrigues e mandou uma carta para mim agradecendo a homenagem e a evangelização através da música”.

Pandemia e live

“A pandemia acelerou o encontro das pessoas de uma vez por todas com as redes sociais e o uso das ferramentas da internet. A gente tenta matar a saudade por telefonema da família e dos amigos e através das lives, a gente vai mantendo a sintonia com o povo”, diz Targino que finaliza com um convite especial. “Sábado, dia 29 de maio, às 19h, estarei no canal do Youtube da Paróquia Ascensão do Senhor fazendo uma live beneficente, cantando as Canções Divinas e algumas coisas a mais, já que estamos perto do São João”.