Essa é a segunda reportagem especial da série “Expedição na terra dos Condes”. Além dos encantos naturais e atrativos turísticos do lugar – um balneário no “fim de linha” do Litoral Norte baiano -, o Conde guarda boas histórias de seu povo… 

Os encantos naturais do Conde se misturam à beleza do seu povo | Foto: Cadu Freitas/BnL

Os encantos naturais do Conde se misturam à beleza do seu povo | Foto: Cadu Freitas/BnL

Acolher bem é peculiaridade dos condenses. Nos fins de tarde é possível encontrar, além das belezas naturais, personagens como dona Carmem Latoilha Rocha, aguerrida descendente de italianos, em frente a casa dela, sob a sombra de uma árvore, a conversar com amigas – prática comum no município do Conde. Os 88 anos de dona Carmem não são denunciados pelas marcas do tempo, evidenciam sim conquistas de uma mulher que ajudou a escrever a história da cidade.

Nos meados da década de 1980 ela foi condecorada com uma medalha de destaque na agricultura da região pelo o então presidente da República, general João Baptista de Oliveira Figueiredo.

A equipe de reportagem do BnL visitou a localidade e conviveu com os costumes do povo local | Foto: Cadu Freitas/BnL

A equipe de reportagem do BnL visitou a localidade e conviveu com os costumes do povo local | Foto: Cadu Freitas/BnL

O município do Conde é o principal produtor de coco seco do Estado da Bahia. Parte desse prestígio foi construído pela ousadia de dona Carmem, que numa época de repressão – a do regime militar – venceu os preconceitos e viabilizou uma alta na economia local. “O conde evoluiu do meu tempo de mocidade para hoje, mas poderia estar mais adiantado. A cidade é parada, calma demais. Faltam investimentos na parte turística e na assistência aos idosos”, reclama.

Outro ilustre filho dessa terra foi o senador Severino Vieira, nascido em junho de 1849. Sua importância política rendeu-lhe um monumento em comemoração ao seu primeiro centenário na feira municipal do Conde. Escolas públicas também receberam o nome do político, não só no Conde, mas na capital baiana.

A capelinha de Conde revela a devoção cristã da localidade. | Foto: Cadu Freitas/BnL

A capelinha de Conde revela a devoção cristã da localidade. | Foto: Cadu Freitas/BnL

Ser reverenciado na cidade não é privilégio daqueles que nascem no Conde, mas também daqueles que se encantam com a tranquilidade e natureza do local e resolvem adotar a cidade como seu segundo lar.  Foi o caso do escritor e poeta Jarbas Oliveira e da esposa Altair. Moradores de Salvador, há quase 30 anos compraram uma casa no Sítio do Conde. Jarbas escreveu um caderno, com uma pequena tiragem, que circulou somente na cidade do Conde, contando a história local. Em 2002 o escritor recebeu o título de Cidadão Condense pelos bons serviços sociais e culturais prestados à localidade. “Havia um erro na história do nome da cidade e resolvi contar a história certa”, narra.

A cidadezinha é aconchegante e acolhedora, como seu povo. | Foto: Cadu Freitas/BnL

A cidadezinha é aconchegante e acolhedora, como seu povo. | Foto: Cadu Freitas/BnL

A dúvida que ronda a origem do nome do lugar permanece explicita até os dias de hoje. Jarbas Oliveira explica que o então povoado do Itapicuru de Baixo (rio que banha quase todo território municipal) foi elevado à categoria de vila em 1806 e passou a se chamar ‘Vila Nova do Conde da Nossa Senhora do Monte do Itapicuru de Baixo’, a pedido do Conde da Ponte e não do Conde dos Arcos como narra a história. A descoberta de Jarbas foi acrescentada no currículo escolar do município. No dia 10 de agosto o município do Conde comemora 71 anos da sua emancipação política.

*Com Danilo Reis/BnL