Após dois meses para visitações a exposição “Derramei minhas fábulas em seiva de terra com meus olhos d’água”, a artista visual, escritora e performer transvestigenere Jeisiekê de Lundu realiza performance para fechar este ciclo expositivo, no último dia de visitação, 28 de março, na Galeria Goethe-Institut, no Corredor da Vitória, às 20h30.

Intitulada “Assar beiju na palha para você levar para viagem”, a performance é uma ladainha, uma conversa de Jeisiekê de Lundu com a artista da palavra Sued Hosaná. Enquanto prepara um beiju, Hosaná lê trechos de escritos de De Lundu, do caderno de processo criativo da exposição. “É um oriki para findar um ciclo”, pontua a artista.

Visitas
Aqueles que ainda não visitaram a exposição, composta por esculturas, pinturas, vídeos-performances e instalações, podem fazê-la até o dia 28 de março, na Galeria Goethe-Institut, das 09 às 18h. A exposição conta histórias do corpo-memória da artista visual. “Esse trabalho se relaciona com o lugar mais íntimo de minha história, parte da tentativa de recriar memórias, da potência de recontar através de imagens nossas histórias”.

O núcleo expositivo conta com o diálogo curatorial de Ani Ganzala e Augusto Leal. Os traços e movimentos de cada obra exposta em narram a ligação entre a casa amendoeira onde vive Dona Norma (matriarca da Família Barbosa, no Povoado do Cruzeiro, em Conceição de Feira), em que a artista participou da exposição “antes da casa, a árvore “ e casa nos olhos d´água, onde viveu Manjove (avó materna da artista, falecida com 102 anos durante a pandemia).

Jeisiekê de Lundu conta que “quando criança guardava coisas dentro de uma caixa de papelão, tinha esculturas de barro, feitas no quintal de terra dos olhos d’água, o mesmo lugar que minha avó criou suas filhas e minha mãe tirou sustento para criar os seus”.

A artista
Nascida na beirada entre Minas e Bahia, Jeisiekê de Lundu – hoje residente em Salvador-BA – mistura montanhas e dendê para criar processos artísticos que envolvem cura, memória, ancestralidade, biopolítica em uma encruzilhada diaspórica sertaneja no litoral. Artista interdisciplinar, navega nas artes visuais em suportes como a performance e a escultura, cria microfilmes, escreve crônicas, costura e esculpe figurinos, cerâmicas, modifica faces utilizando maquiagem com elementos orgânicos e sintéticos.