Quem, enfim, me dirá, para aonde vai uma canção depois do acorde final? Vander Lee foi, inquestionavelmente, a melhor canção de si próprio. Não só meus olhos amanheceram tristes, na manhã desta sexta-feira, 05 de agosto. O dia surgiu marejado.

Foto: Sebástian Freire

Foto: Sebástian Freire

O lamento do canto da sereia não espera nesta data o naufrágio das embarcações, une-se às lágrimas de fãs, como este que vos escreve, amigos e familiares. À legião que entende, nas profundezas da canção, a melancolia poética de Lee, dos seus acordes, letras e versos.

Não! A canção dele não se vai, não se esvai. Ficará eternizada naquele lugar, qual altar, reservado aos ilustres portadores da capacidade de tocar almas, com a música.

Foto: Dila Puccini

Foto: Dila Puccini

Tua Alma Nua, inspiração. Afago em noites de agonia, iPod como testemunha tocando tão penetrante canção. “Dá-me leveza nas mãos, faze de mim um nobre domador. Laçando acordes e versos, dispersos no tempo, pro templo do amor”.

Vander Lee morreu aos 50 anos, por volta das 8h da manhã desta sexta-feira, no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte. Ele passou mal um dia antes, durante uma sessão de hidroginástica. No hospital, foi diagnosticado um aneurisma no coração, passou por cirurgia, teve 11 paradas cardíacas e não resistiu.

Seu legado na cultura, na música popular brasileira, ficará, contudo, para sempre. De fato, viveu menino, morreu poeta.