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Ele nasceu em Aracaju, tocou durante oito anos no Araketu, fez parte da Banda Beijo, já gravou com Harmonia do Samba, Psirico, Guigui Gueto, entre outras bandas. É formado em teologia, tem 36 anos e é aluno do curso de Composição e Regência, na Universidade Federal da Bahia (Ufba). O mestrado em Educação, focado nas questões do pagode está  a caminho, prestes a se tornar realidade. José Hugo Santos, mais conhecido no cenário musical como Hugo Sanbone, por conta do sua habilidade instrumental com Sanfona e Trombone,  conversou com o Bahia na Lupa, contou um pouco da sua história e sobre a Sanbone Pagode Orquestra, grupo em que ele maestro. 

Como surgiu a Sanbone Pagode Orquestra?

A Sanbone Pagode Orquestra já fazia parte dos meus pensamentos desde criança. Quando eu comecei aos 13 anos tocar em bandas de pagode, trios de forró e quadrilhas eu sempre queria fazer um arranjo mais moderno, diferente dos tradicionais, pois sempre vinha em meu pensamento outras melodias para aquele contexto,  porém a galera não aceitava as minhas sugestões. Mesmo assim, continuei fomentando minhas ideias e compondo minhas músicas. O tempo passou,   vim morar em Salvador e tocar Sanfona na Banda Melaço de Cana, até que um belo dia o dono do grupo me deu a oportunidade de criar arranjos, foi aí que eu comecei a colocar a criatividade em prática.

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E quando a Sanbone começou a se tornar realidade?

Em 2009 eu consegui finalizar uma composição que havia três anos de iniciada, que foi a sinfonia primeira de pagode. Gravei com o grupo e inscrevemos ela no festival de Música da Rádio Educadora, com a pretensão de mostrar o novo, o diferente, harmonia sobrepostas, sessões rítmicas e polifonias. Para nossa sorte, alegria e felicidade conquistamos o prêmio de melhor música instrumental. Esse foi o marco 0 da Sanbone Pagode Orquestra. Foi aí que eu comecei a perceber que era possível e que tínhamos um futuro promissor. Na sequencia, fomos classificado para o Festival Nacional da Associação das Rádios Públicas do Brasil (ARPUB), em que os melhores de cada estado competem entre si, e mais uma vez ficamos em primeiro lugar.

Por que todas as composições da Sanbone são batizadas Sinfonia?

Eu me inspirei no formato de como funciona uma sinfonia: primeiro, segundo e terceiro movimento, claro que fazemos isso de uma forma reduzida. Tem abertura, exposição do tema, colocamos nossa criatividade em prática ao introduzir um pouco jazz, onde há uma base rítmica e harmônica para improvisador.

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De onde surge e em que você se inspira para compor as Sinfonias?

A inspiração surge das mais diversas formas possíveis: Por exemplo a sinfonia 8 surgiu a partir de um “caldo” que eu tomei tentando surfar e nessa, quase morri afogado. A sinfonia número 7 foi criada de encomenda, um amigo estava fazendo um documentário sobre a Estação da Lapa e queria utilizar uma música já gravada e eu prometi criar algo inédito para o trabalho dele, daí me inspirei no cotidiano deste terminal de ônibus, já houve situações de deitar para dormir e vim uma melodia…

Como você avalia o pagode baiano?

Se você tirar a letra de qualquer música de pagode, vai perceber uma cadência rítmica e melódica muito particular e peculiar a cada região ou bairro. A Sanbone paira nisso aí, no que é melhor da cada um.  O que a gente busca é continuar atuando nesse cerne de cuidado, preservação, ascensão e transformação do pagode, pois a música não morre. E não podemos esquecer que toda música clássica foi popular um dia.

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Qual mensagem você deixa para as pessoas que sonham em viver de música?

Pense em ser músico como você pensaria em ser um médico, advogado, engenheiro pois todas as profissões devem ser tratadas com respeito.  A responsabilidade que eu tenho com a música é mesma que um médico deve ter com um paciente. Acredite no que você quer, faça o que você deseja, porém com seriedade, compromisso e sabedoria.

Qual seu maior sonho?

São tantos… Mas, um dos maiores sonhos é fundar o Instituto Sanbone de Música, para oferecer uma formação musical e cidadã, de maneira que os alunos serão preparados para atuar profissionalmente, em qualquer lugar do mundo.

Assista o show completo da Sanbone Pagode Orquestra

 Fotos: André Frutuôso/BnL